Segundo
o código de ética dos jornalistas brasileiros, conforme é citado em seu quarto
artigo: “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos
fatos, devendo pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na
sua correta divulgação”.
Nós jornalistas, temos o
compromisso de levar à sociedade, todo tipo de informação, que denuncie os
fatos considerados relevantes a sua organização e que não se abstenha de
exercer seu maior dever, informar. Porém, estamos diante de uma sociedade que
busca o espetáculo, assim, maus profissionais, praticantes do anti-jornalismo,
expõem suas notícias de maneira, no mínimo, questionável. Toda informação é
transformada em um grande show, envolvendo em um mesmo palco acusados e
inocentes.
O jornalista, tomado
pelo interesse principal dos meios de comunicação atuais – falamos de IBOPE,
publicidade, furo jornalístico – não ouve ambas as partes envolvidas nos casos,
pois iremos de convir, todo escândalo é exaltado pela sociedade do espetáculo,
assim, promove verdadeiros linchamentos massacres sociais, injustiças que
poderão prejudicar eternamente a vida das pessoas acusadas.
Lembremos do caso
“escola base”, ocorrido no ano de 1994, na cidade de São Paulo, quando seus
proprietários e funcionários foram acusados de abuso sexual por duas crianças,
de quatro e cinco anos respectivamente.
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Jornal que Abusou do sensacionalismo ao caso |
Os veículos de
comunicação, destacando nomes importantes como TV Globo e revista Veja, agiram
com uma das maiores demonstrações de anti-ética profissional e moral, já
registradas por parte da imprensa nacional. Seus repórteres abordavam
freneticamente o assunto, sempre revelando um novo fato até então desconhecido.
Eram emitidas manchetes como: “Kombi era motel na escolinha do sexo”, ou também
“escola de horrores”. Essas denúncias e acusações infundadas, geraram não
espantosamente, uma comoção nacional. Houve uma “histeria coletiva”, onde os
acusados foram marginalizados, tidos como culpados, condenados sem que ao menos
fossem ouvidos e suas declarações apuradas.
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Muro da escolinha pichado por manifestantes |
O resultado de tamanha
barbaridade promovida pela mídia: - uma das maiores injustiças já ocorridas,
pois, todos os acusados foram inocentados por falta de provas, e a viril e
infalível imprensa nacional teve de retratar-se perante seu erro. Más, será que
desculpas são suficientes? Recordemos que todos os acusados, mesmo após serem
absolvidos, sofreram com uma discriminação coletiva, desenvolveram enfermidades
como síndrome do pânico, depressão, doenças cardíacas, e assim, foram impostos
ao isolamento social. Onze anos após o caso ocorrer, a rede globo foi condenada
a pagar indenizações em cerca de 450 mil reais a cada um dos acusados no caso
escola base, porém, o dinheiro recebido, não mudou em nada a catástrofe imposta pela má
veiculação de informações tão contundentes, que destruíram a vida de
brasileiros inocentes.
Devemos nos valer de
nosso direito à liberdade de expressão, porém, agindo com ética, seriedade e
responsabilidade, lembrando sempre, que a maioria da população molda sua
percepção do real segundo a opinião da imprensa. Devemos informar, entretanto,
nunca devemos prejudicar pessoas inocentes com nossa atitude, resumindo,
devemos ser éticos, imparciais e verdadeiros.
Sidney S. Neto